terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Livro A Psicanálise dos Contos de Fadas



Nome: A Psicanálise dos Contos de Fadas
Autor: Bruno Bettelheim
Editora: Paz e Terra
Ano: 1980, edição 2002
Páginas: 366
R$: --
Skoob: www 
Nota: 😻😻😻😻

Olá pessoas da internet, tudo bem com vocês? Espero que sim. Aqui tá tudo meio corrido com as dezenas de livros pra ler e tenho vários aniversários agora em janeiro e fevereiro, mas vamos que vamos. Antes de sumir do blog comecei a ler este livro e com as dores de dente (entenda) parei também de ler. Depois que tirei os pontos foi só alegria e voltei a ler e hoje trago finalmente a resenha do "A Psicanálise dos Contos de Fadas"

No Skoob passei os olhos numa resenha e nela dizia que é um livro difícil e que tem que ter um conhecimento prévio em psicanálise para entender o livro. Eu como leiga, descordo dessa afirmação. Talvez se tu não está acostumado na leitura - qualquer leitura - ele se se torna massivo, como quase qualquer livro o é pra quem não tem costume de ler. Durante a leitura me deparei com algumas palavras utilizadas pelo meio, como as principais: ig, ego e super ego, mas nada que um Google não resolva! E destas palavras o autor dá significado.

"Um exemplo ocorreu quando um pai estava para deixar sua esposa muito mais competente a seu filho de 5 anos, aos quais não conseguia sustentar há algum tempo. Preocupava-se com o fato de seu filho ficar inteiramente sob o poder da esposa, que ele considerava uma mulher dominadora (...). Uma noite o menino solicitou que o pai lhe contasse uma estória. O pai escolheu 'João e Maria'; e quando a narrativa atingiu o ponto em que João foi colocado numa gaiola pela feiticeira, o pai começou a bocejar e disse que estava muito cansado para continuar; (...). Assim, João foi deixado em poder da bruxa devoradora sem nenhum apoio - como o pai achava que iria deixar o filho em poder da esposa dominadora. (...), o menino compreendeu que seu pai estava para deixá-lo e que considerava a mãe uma pessoa ameaçadora, mas não havia nenhum modo de protegê-lo ou salvá-lo. Apesar de passar uma noite ruim, decidiu que, se não havia esperanças d seu pai cuidar bem dele, teria de chegar a um acordo na situação que enfrentava com a mãe. No dia seguinte contou á mãe o que sucedera e espontaneamente acrescentou que mesmo se Papai não estivesse por perto, ele sabia que Mamãe sempre cuidaria dele."
Bruno Bettelheim escreve de maneira fluida e leve sobre um assunto que a meu ver (leiga) devia ser complicado. Tanto que entendi uns 90% do livro e por isso digo que todos deveriam lê-lo. Com ele consigo ver as crianças com outros olhos e com isso entendê-las melhor. O resumão do livro seria: as crianças resolvem seus problemas fantasiando e com pensamento binário (tipo "bandido bom é bandido morto"). Por isso são tão explosivas e as vezes bem raivosas. Os contos de fadas por sua natureza fantástica e binária cria vínculos com a criança e mesmo depois de adulta era encontra respostas nos contos. Tenho 3 sobrinhas, elas tem 8, 5 e 3 anos e consegui entender elas melhor, até converso com elas de outra maneira. Estou me dando melhor com elas depois de ler A Psicanálise dos Contos de Fadas.


"Parece particularmente apropriado à criança que o que o malfeitor desejou infligir ao herói seja exatamente a sina da pessoa malvada - como a bruxa em 'João e Maria' que desejava cozinhar as crianças no forno e que é empurrada para dentro dele e queimada até morrer, ou a usurpadora em 'A Guardadora de Gansos' que determina e sofre seu próprio castigo. O Consolo requer que a ordem certa do mundo seja restabelecida: isto significa o castigo do malfeitor, equivalente à eliminação da maldade no mundo do herói e então nada mais impede o herói de viver feliz para sempre."



Como disse, a escrita é muito boa, mas acredito que o livro não passou por uma boa revisão. Erros de português, a fonte muda sem nenhum motivo, repetição de palavras e impressão fraca em algumas páginas. Consigo achar erros em quase todo livro, afinal ninguém é perfeito, mas este em especial achei muito acima da média. Outra coisa que não gostei no livro, na verdade é na psicanálise como um todo é que todo signo/ significado de algum símbolo sempre tem haver com sexo. Pra mim tem que forçar muito que alguém calçar um sapatinho de cristal (Cinderela/ Borralheira) seja no fundo um símbolo para sexo. Mas como disse, sou leiga hahaha

O Autor entra a fundo em vários contos de fadas que já conhecia como: A Bela e a Fera (falo um pouco sobre o figurino do filme de 2014 aqui), As 1001 Noites , João e Maria, Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve (fiz resenha de uma releitura de Branca de Neve aqui) e vários que não conhecia: As 3 Penas, A Guardadora de Gansos, O Pescador e o Gênio, Os Sete Corvos e Rainha Abelha. Trazendo sempre a origem de cada conto e no que ele pode ajudar as crianças. Fala também o modo como se deve apresentar os contos a elas. A melhor forma é como vemos nos filmes: o adulto conta a estória para a criança e de preferencia sem ilustrações. Ela escutando ao invés de ler, pratica mais a sua imaginação. Fala também que os adultos não devem ter medo de contar contos fantasiosos, a criança sempre sabe que esses monstros, bruxas e magias não existem mais, justamente pelo "Era uma vez, num reino muito distante..."!

"Nos contos de fadas, à diferença dos mitos, a vitória não é sobre os outros mas apenas sobre si mesmo e sobre a vileza (principalmente a própria, que é projetada como antagonista do herói). Se nos dizem algo sobre o governo destes reis e rainhas, é que reinaram com sabedoria, pacificamente, e que viveram felizes. É isto que deveria consistir a maturidade: uma pessoa a se governar sabiamente, e, como consequência, vivendo feliz."



"Quando se conta a estória da perspectiva do Bebê Urso, Cachinhos é a intrusa que subitamente surge não se sabe de onde, como sucede com o caçula, e usurpa - ou tenta fazê-lo - um lugar na família que, para o Bebê Urso, estava completa sem ela. Esta intrusa desagradável rouba a comida, estraga sua cadeira, e até tenta tirar-lhe a cama - e, por extensão tomar seu lugar no amor dos pais. Por isso, compreende-se que tenha sido a voz do Bebê Urso (e não a dos pais) que 'era tão aguda e penetrante, que acordou-a imediatamente. Precipitou-se e correu para a janela.' É o Bebê Urso - a criança - que deseja livrar-se da recém-chegada, deseja que ela volte para o lugar de onde veio, e não vê-la 'nunca mais'. Assim a estória dá corpo, na imaginação, aos medos e desejos que sente uma criança quanto à entrada de um novo filho, imaginário ou real, na família."
Essa foi a resenha de hoje. Enquanto escrevia ela, achei esse emoticon 😻 e vou usá-lo pra classificar os livros de agora em diante. Muito fofo e não preciso catar imagens por ai. A avaliação é até cinco gatinhos. É isso por hoje, até a próxima o/

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6 comentários:

  1. Sabe, Nana, tem um livro que eu li há muito tempo que vai mais ou menos nessa mesma temática. O nome dele era "Fadas no Divã" e eu lembro que os aspectos levantados pela autora me marcaram tanto, que hoje e m dia não consigo mais ler/assistir um conto de fadas sem ficar analisando, rs.
    Também tinha algumas viagens (psicanálise não é para mim) como essa do sapatinho -> sexo, e eu concordo que nem tudo pode ser explicado por essa relação.
    Amei seus gatinhos classificatórios, rs.
    Beijos!

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    1. Pois é, agora também fico analisando tudo hahaha
      Também não serviria pra ser psicóloga, ia analisar geral hauauah

      Obrigada pelo comentário^^
      Beijos

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  2. Cheguei até aqui no seu blog através do da Lila Martins. E quando abriu a página pensei: O que meu gato esta fazendo aqui? hahahaha Temos um bichano gêmeos.
    Tem uma foto dele aqui http://www.colecionandomeusmomentos.com.br/2016/12/minhas-fotos-favoritas-de-2016.html
    Mas, falando do que interessa, seu post...apesar de as vezes não ter muito saco pra esses assuntos, mas gosto quando envolve contos de fadas ou que faça associação com qualquer tipo de conto conhecido. Me interessei pelo livro e já vou colocar na minha lista de leituras para 2017.

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    1. Que bom Cilene, fico contente que alguém inclua alguma resenha minha em suas leituras ^^
      Eita, são bem parecidos mesmo hehehe e o escurinho também é lindo!!!
      Obrigada pelo comentário, beijos =**

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  3. Acabei de anotar esse livro na minha lista de desejos Nana, simplesmente preciso lê-lo! ehehe Sou apaixonada por qualquer coisa que envolva contos de fadas, porque, por mais que eles tenham severas falhas, ainda mais se pensando na sociedade atual e na busca pela igualidade entre os sexos (meu feminismo falando por mim), eles têm sim pontos positivos. Já escrevi textos e textos na defesa deles e cadê cara para publicar algum... ehehe Acho que depois de ler esse livro pode me ajudar a reescrever de maneira mais ordenada e dar algum ponto de plausabilidade para minhas anedotas.
    Eu sou tão aficionada ao tema que queria falar disso na minha monografia de Direito (o que me impediu foi a falta de tempo, resultante de minha mais completa falta de organização kkkk).
    Achei bem interessante essa questão do viés sexual dos contos, quando estava reescrevendo o conto da Chapeuzinho Vermelho eu vi quantas e quantas interpretações para a capa vermelha, para o fato de ser a mãe de um lado e a avó do outro, relacionando não apenas com a descoberta sexual como com a menstruação e um milhão de outras coisas... Há muito que se pensar mas algumas coisas acho bem forçadas, ainda que este viés esteja em todas as minhas versões dos contos que já escrevi e no que estou escrevendo agora (Branca de Neve).
    Bem, já tagalerei demais... kkkk Vou lá ver seu post sobre os figurinos e o link para o post da releitura de Branca de Neve não tá clicável, vou ver se pesquisando eu acho o post!
    xoxo

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    1. obrigada por avisar, nao tinha visto o nao link hahahah
      nao sei o que os psicólogos tem que tudo é sexo kkkk
      sim, quanto mais fontes, mais melhor de bom ficam os textos!
      fico muito feliz que tu tenha se interessado por ele e acho que tu vai gostar mesmo.
      beijooos

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